Antigamente as
coisas mais singelas me fascinavam e me prendiam a atenção. Eu não era uma
criança especialmente bonita nem inteligente, mas era curiosa. A curiosidade é
uma qualidade — sim, uma qualidade — que sempre me levou e ainda me leva a
querer saber e conhecer mais e mais. Passava horas dentro do meu pequeno eu interior com os meus questionamentos.
Questionamentos aqueles talvez mais leves, mas não menos profundos e
pertinentes que os de hoje.
Eu me encantava com a força do vento
que sacudia os telhados, as palmeiras e as pessoas; com os flocos de poeira que
pareciam dançar na luz dos escassos raios de sol que invadiam os cômodos nos
fins de tarde; com os pássaros construtores e cantores; com as pessoas
desconhecidas que viravam personagens das minhas histórias e com as formigas.
As formigas me interessavam como nada
no mundo. Eu me concentrava e ficava tentando entender a vida daqueles seres
minúsculos. De tanto observá-las, eu as humanizei. Acreditava que elas
pensavam, que tinham preocupações, vontades e medos. Eu queria dividir meu conhecimento
com elas, achava que as formigas poderiam aprender comigo, eu era a paciente
professorinha e os pobres insetos compunham uma inusitada classe escolar. É
claro que fui mal-sucedida.
Das vãs tentativas de interação com as
formigas na infância restou o pesar de nunca poder saber o elas pensavam quando olhavam para mim.
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