Estou escutando rádio, submetendo-me a surpresas. Cheguei a cabeça para a fora da janela, o ar parado e a falta de moléculas de água nele estavam me deixando tonta. Neste momento não há viva alma nas ruas deste feriado. Mais cedo, porém, a figura de um homem chamou a minha atenção. Os cem metros em que ele esteve em meu campo de visão foram suficientes para a minha imaginação.
“... coisa que gosto é poder partir sem ter planos, melhor ainda é poder voltar quando quero...”
(now playing)
Estando de costas para mim, o homem não tinha rosto. Carregava seus poucos pertences em um saco encardido jogado sobre as costas da camisa rota. Sua postura era de um solitário, aquele que não é esperado nem espera por ninguém. Os cabelos grisalhos não apontavam sua idade com certeza. Não tinha a mínima pressa, fosse ele um pouco mais lento, andaria para trás. Os passos demonstravam a indecisão de quem espera ver a direção que o vento vai tomar para escolher o próprio rumo. Decidiu-se por dobrar a
esquina e o perdi de vista.
Não freqüência correta é agradável ouvir rádio.
esquina e o perdi de vista.
Não freqüência correta é agradável ouvir rádio.