sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

O sexto sentido

O pensamento é veloz, sendo capaz de cruzar distâncias imensuráveis em pouco tempo. A lembrança é uma forma de pensamento que mexe com os sentidos porque cada um deles parece ter a sua própria memória sujeita a influências externas e internas. O incrível nos sentidos do corpo humano é que todos parecem estar de alguma forma ligados ao tato, sendo este por vezes conseqüência de outros tipos de sensações.
    Freqüentemente nos pegamos fazendo associações sinestésicas como sons que parecem ser macios e aveludados, gostos que parecem molhados, certos cheiros para os quais não achamos adjetivos se não doces e quentes. Qualquer um dos sentidos é um gatilho pronto para disparar contra os demais desencadeando as diversas sensações que causam pane nos sensores (olhos, ouvidos, pele, língua, nariz) que não sabem o que detectar e enviar para a central.
    Imagino a memória como um imenso lago em que determinados pensamentos ficam no fundo, no escuro, de onde dificilmente sairão para alcançar a luz do dia; outros ocupam uma parte mais elevada na qual a topografia é acidentada e de onde se pode tanto emergir quanto afundar de vez. Por fim, há aquelas recordações que estão sempre frescas boiando na superfície da memória, como pequenas folhas num lugar em que sempre são vistas mesmo que não estejam sempre em destaque.
    O gatilho acionado é um vento que desloca a água movendo a folha e empurrando um frágil barco há muito atracado à margem esperando por uma corrente forte o suficiente para levá-lo a zarpar.

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